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AUTOCONHECIMENTO COMO REDUTOR DO RISCO NA EMIGRAÇÃO



Ao longo de todo processo que envolve a decisão de emigrar, ressalto aquele que se aplica as características de personalidade do emigrante e seus familiares. Estas, carregamos aonde vamos. E podem significar a inviabilização da experiência de mudar de país ou o prenúncio de uma vida infeliz. Alternativamente, mais um sinal de que tudo irá correr bem. Portanto, deve ser considerada por cada um individualmente e no corpo da unidade familiar.

Tratando-se de ir morar em um lugar de cultura diferente – onde os códigos relacionais são diversos, assim como a forma de viver, trabalhar e os princípios e valores – a capacidade de adaptação e de reconstrução da vida pessoal e familiar vai ser a grande espinha dorsal que sustentará todo o edifício da nova vida por construir. A capacidade de estabelecer novos relacionamentos passa a ser crucial.

Suportar os seus primeiros momentos de alguma solidão, antes que comece a formar o seu novo ciclo de amizade – e em Portugal vai demorar - tem que ser considerado. Isto se dá, porque há restrições ao imigrante, a necessidade de muito trabalho e contenção de despesas. E o remédio para isto é a intensificação do convivio intra familiar, como uma forma de compensação positiva. A emigração reforça os laços da família. A consequência é o aumento da coesão familiar.

Quando emigramos, deixamos para atrás amigos, famílias, nossa forma de viver, bens, hábitos e confortos. As primeiras por uns tempos – pois uma vez ou outra voltamos a nos encontrar – e outras em definitivo. Emigrar é uma troca e, para isso, temos que praticar o desapego. Algumas coisas não teremos mais. E temos mesmo que esquecê-las. E outras novas entrarão na nossa vida para sempre.

Emigra quem sonha. Por uma vida melhor. Por um novo projeto de vida. Na prática, uma tarefa hercúlea, dadas as dificuldades que surgirão. Elas serão muitas, talvez diferentes daquelas que enfrentávamos em nosso país de origem. A resiliência – a capacidade de vergar sem partir e de acumular experiências e sair mais forte das crises – fecha o rol das características de uma família que emigrou e “chegou lá”.

Quando escolher este caminho – o da emigração – não deixe de fazer estas ponderações e a autoavaliação, antes de se lançar.

Setúbal, 27 agosto 2022


Renato Leal

+351.910937387


PS: O Palácio da Pena, em Sintra. Um lugar de sonhos só menores dos que emigram.

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