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COMO TRATAR OS PALPITES DE TERCEIROS NA SUA EMIGRAÇÃO


Quando começamos a pensar na ideia de emigrar, nossa tendência é de dividir nossas ideias e planos com familiares, amigos próximos e, às vezes, até com pessoas que não conhecemos ou colegas de trabalho. Ansiamos por informações e aprovações. Nada contra, se estivermos atentos para perceber o quão empáticos e isentos, estão sendo esses “auxiliares” do nosso projeto.

O problema é que as pessoas com quem falamos raramente “conseguem sentar na nossa cadeira” e compreender a nossa forma de pensar e ser, e o nosso contexto de vida, nossos motivos para emigrar, as motivações que estão a nos empurrar para outro país e o nosso propósito de vida. Apressadamente, e na maioria das vezes por interesses próprios e específicos, em todos os momentos começam a questionar, desestimular e a meter medo, posto que não desejam perder a companhia ou benefícios de quem quer ir na busca do seu novo sonho.

Ao analisar o projeto do outro pelos próprios olhos, sem nenhuma empatia e sem a necessária isenção, o processo de análise e decisão de emigrar perde objetividade e racionalidade, e mais confunde que esclarece. Muitos desistiram sem perceber o quanto foram influenciados para não tentarem uma nova vida.

A confusão aumenta à medida que essas pessoas consultadas, de alguma forma, se sentem prejudicadas, ou preteridas, pela decisão de emigrar. E pior ainda, quando essas pessoas foram malsucedidas no seu processo anterior de emigração. Em vez de jogarem aberto, e assumirem as suas razões de fracasso, tentam passar a ideia, que emigrar para aquele país não é uma boa opção.

À guisa de exemplos, é muito comum a pessoa consultada desestimular ou mesmo ser contra o seu projeto, pois perderá a sua companhia, ou ficará sem a carona, ou longe dos netos. Há pessoas que são dependentes de outras, e pensar na ausência destas, naturalmente, procurarão desestimular para que não fiquem abandonadas.

O problema não termina aí.

Há aqueles que gostariam de estar no lugar de quem emigra, e por falta de coragem ou mesmo condições de vida, não podendo ir, e por inveja, preferem que o emigrante fique. E vão colocar terra sempre que poderem, numa tônica de pessimismo crônico, para evitar que façam o que ele não pode fazer ou não tem a coragem de fazê-lo. É boicote puro e duro. E vão ficar atentos torcendo pelo insucesso, para o emigrante voltar.

As consequências de uma decisão dessa dimensão em termos pessoais, merecem que todo o processo seja controlado pelo emigrante e seus familiares. Na presença de adolescentes na família, esses também têm de participar e opinar, mesmo que a decisão final recaia nos pais. O que vem dos outros, deve ser sempre escrutinado e relativizado, aceitando de bom grado as informações dos poucos que estão mesmo ao seu lado, independentemente de a decisão vir a afetar a vida deles.

A participação no processo de profissionais especializados ajuda muito, pelo conhecimento adquirido pela experiência, e pela isenção no processo, que permite racionalizar todos os estudos e fundamentar as decisões. O processo vai sendo mentorado num fluxo evolutivo, objetivo e racional que será um fator garantidor do sucesso. E sempre que houver dispersão, cabe a este pôr o projeto de volta nos trilhos.


Setúbal, 28 de novembro de 2023


Renato Leal

Fundador e Coordenador da Plataforma Portugalsim.

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