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TRANSIÇÃO DO ESTILO DE VIDA: DO BRASIL PARA PORTUGAL


Todos nós temos uma forma de viver que foi adquirida, com o passar do tempo, e que sofreu influências da nossa família, dos nossos amigos, escola e faculdade que fizemos. Dos colegas de trabalho e da cultura da cidade em que vivemos, tenha sido ela apenas uma, ou várias no decorrer dos anos. O que resulta disto tudo, aliados à nossa forma intrínseca de ser, e às circunstâncias que a vida nos proporcionou, é o nosso way of life, um conjunto de hábitos, valores e princípios, objetivos e propósito de vida.

Conhecer-se, individual e familiarmente, é a base central do processo de emigração, sem a qual poderemos “dar com os burros n’água”.

Se pensamos em nos mudar de cidade ou país, muito provavelmente é porque não estamos hoje satisfeitos com a vida que levamos, tema que já exploramos no artigo anterior. Ou com a visão que temos do futuro que teremos pela frente se não emigrarmos. Mas antes de qualquer movimento, é importante aprofundar o nosso entendimento desta forma de vida que levamos e da nossa capacidade de alterarmos os nossos hábitos e maneiras de viver. Sim, porque, dificilmente, encontraremos as mesmas variáveis que encontramos até agora no nosso país ou cidade de origem, no novo local escolhido para vivermos. E as mudanças serão muitas, algumas profundas, e vamos ter que deixar para atrás muitas das coisas que tínhamos e fazíamos na nossa cidade. Coisas más, que não sentiremos falta e outras boas das quais sentiremos saudade. Direitos e estilo de vida adquiridos. No caso de um casal com filhos, este exercício deve se estender a todos os membros da família.

Vínculos muito forte com à família e/ou roda íntima de amigos é a primeira grande dificuldade. E vamos ter que aprender a viver sós e a cortar laços. Há uma consequência positiva que é, no caso de emigração de uma micro família, da união que o desafio da troca de país propicia. No início, só temos este núcleo com que contar. É claro que hoje temos as facilidade de comunicação via skype, messenger, facebook e whatsapp, que traz uma sensação efetiva de proximidade, como também saberemos fazer novos amigos, mas isso levará um certo tempo.

As mordomias de babás, secretárias e etc... são caras e quase inexistentes por cá. Os portugueses, como qualquer povo europeu, são mais fechados aos imigrantes e vai levar tempo a ficarem à vontade. Há perda de alguns confortos e ganhos de outros.

É também claro que, quando se trata de Portugal, alguns obstáculos são menores. Conhecemos sempre um pouco da cultura deste país – menos do que imaginamos – conhecemos a língua, apesar de alguns desconfortos com gafes que iremos cometer, com os usos de alguns termos e da diferença de costumes. Em alguns casos, até já passaram uns dias de férias por cá, mas em turismo é diferente. Mas o que digo é que se deve esquecer isto tudo, e começar a pensar que Portugal é outro país de outro continente com cultura, hábitos e costumes muito diversos dos nossos no Brasil. Agora é para valer. Agora é para aprender a viver por cá.

Por fim, é bom lembrar que, afora alguns afortunados, pelo menos o primeiro ano terá de ser de muita austeridade de gastos, com a vida simples, de pouco ou nenhum consumo, para que se consiga segurar a reserva financeira que se traz, e se chegar ao patamar de ganhos que se precisa para uma vida normal e feliz.

O próximo passo é buscar informações de como se vive em Portugal e começar a costurar alianças para os primeiros tempos. É o tema do próximo artigo que virá a seguir.

Setúbal, 27 de outubro de 2023

Renato Leal


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