QUAL A MELHOR FASE DA VIDA PARA EMIGRAR?
A cada fase da vida de uma pessoa ou família, a busca de uma nova experiência em outro país – emigração - tem características, princípios e desafios, nem sempre presentes em cada uma elas. Vi-me pensando nisto, e resolvi escrever essas notas.
Ao longo desses 7 anos a apoiar projetos de emigração, fui criando registos e experiências - guardando histórias - que vão dando mais clareza e compreensão sobre o processo de emigração, suas necessidades, motivações e consequências.
Tive experiências com clientes em todas as fases da vida e em diversas circunstâncias: saídos fresquinhos da faculdade; recém-casados; casados com filhos pequenos; casados com filhos adultos e netos; e já com a idades mais avançadas. Eu mesmo, fui um destes em 1996, trazendo esposa e dois filhos pequenos.
Alguns com crises financeiras, outros nem por isso. Frustrações, casamento rompidos, perdas diversas, são exemplos. E muita gente com projetos, sonhos e viradas de mesa. Outros com visão estratégica e tentando driblar a geopolítica, e surfar as oportunidades de negócios deste “admirável mundo novo” que se apresenta a nós a cada novo dia.
E hoje, posso dizer que, para cada um, há um conjunto de benefícios nem sempre iguais e um punhado de perdas também diferentes. E um conjunto específico de exigências.
Não podemos nunca esquecer, que quando emigramos, deixamos coisas boas e más para trás. Estritamente no campo racional, pesamos vantagens e desvantagens e decidimos. Nem sempre percebemos que esse movimento também é impulsionado pelo nosso inconsciente e por nossa história e propósito de vida. A criança e o adolescente que fomos “manda em nós quando adultos”, uma máxima atribuída a Freud ou Jung, já não me recordo.
Feito o movimento, recomendo nunca mais indagar se teria sido melhor ficar. Do passado, o passado toma conta, escreve e apaga o que quiser. Não pode ser desconstruído. No máximo, pode ser reinterpretado para deixar nossa mente sã.
Cada momento tem sua graça e utilidade. E sua motivação principal. É só continuar a leitura pois é disso que vamos ver agora.
1. Jovens descompromissados:
No racional, buscam novas experiências, aprendizados e seguem interiormente com ideia de que se não for agora, será mais difícil no futuro. Vem atrás também de conhecimento. Alguns vêm financiados pelos pais. Vêm fazer um curso superior. Outros, com uma mão na frente e outra atrás. Estes últimos querem quebrar o ciclo da miséria e da falta de oportunidades que têm, e se inspiram em muitos que fizeram a vida no exterior. Os casais sem filhos podem ser enquadrados aqui, se jovens. O gosto da AVENTURA DO DESCONHECIDO tem um grande peso motivador.
2. Casais com filhos:
Esses já decidem em função dos mesmos. Criar os filhos num ambiente mais evoluído culturalmente, que propicia um contato massivo com o centro nevrálgico da cultura ocidental, motiva o movimento. A segurança pública, o ensino e saúde garantidos são um bônus significativo para justificar o que deixam para trás. Amigos, família, e modo de vida. Se os filhos são adolescentes, fica mais difícil, mas não impossível, pois já têm laços e um desejo de independência. O FUTURO DOS FILHOS ganha protagonismo.
3. Quando se trata de um casal com filhos casados e já com netos:
Emerge uma nova dificuldade que são os netos que ficam para trás.
Sim. Tive muitos clientes que deixaram filhos sem netos. Esses já levam a vida e não precisam muito mais deles. Mas os netos? Já vi casais voltarem por eles. Pelos filhos, ainda não. A motivação se assemelha a dos reformados: SEGURANÇA e LIBERDADE. Viver a vida sem restrições.
4. Os reformados:
Aqueles que já construíram a sua profissão, património, empresas e que querem agora fruir a vida. Desejam sair à noite passeando com o cão de braços dados, sem riscos. Eles querem te uma saúde pública que não custe o que cobram os planos de saúde no Brasil. Querem uma vida cultural que possam fluir. Viajar pela europa, sonho de todos e que se torna acessível. Boa comida, vinhos bons e baratos. VIVER BEM e em PAZ
Em todos esses grupos, um conjunto de características encontradas em Portugal são transversais e benéficas: Infraestrutura de serviços públicos e ambientais, previsibilidade, principalmente do valor da moeda e dos custos; estágio civilizatório, paz, liberdade e segurança e, estar dentro do espaço europeu, onde reina a diversidade cultural, histórica, geográfica e social. E muitas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Outra perspetiva, também com uma transversabilidade mais limitada, estão presentes uma OPORTUNIDADE, no seu mais amplo espectro; um RECOMEÇO, fruto de uma crise desestruturante; MUDANÇA DE PROPÓSITO DE VIDA, coisa que vem acontecendo com mais frequência do que se imagina.
A busca de uma nacionalidade europeia também é um elemento motivador, principalmente para os dois primeiros grupos, pois ainda têm tempo, depois dos 5 anos de vida legal em Portugal, de trocar de país dentro do espaço europeu. Novas culturas e experiências, e oportunidades.
Em todos esses grupos, há a repulsa à violência, a falta de liberdade de expressão, o desconforto das arbitrariedades do governo, a miséria escancarada, a degradação do ensino, da cultura e dos valores morais. Estamos aqui relatando a atual situação vivida no Brasil, mas não só.
O tempo vai passando e novas famílias vêm nos procurar. E vamos ganhando mais conhecimento, vivência e histórias para contar.
Setúbal, 06 de agosto de 2024
Renato Leal
+351.910937387
Foto RL: Uma esplanada de Braga
“Participamos na construção de novos futuros para as pessoas. É nossa missão”
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